quinta-feira, dezembro 17, 2009

Acabo de ver na televisão a reportagem


Acabo de ver na televisão a reportagem. Ele era um jovem pároco. Há cerca de um mês, abandonou o exercício sacerdotal e partiu para parte incerta com a sua companheira. Além dos dois, várias pessoas intervieram: o porta-voz da conferência episcopal, um sacerdote que também abandonou o exercício sacerdotal há anos, familiares e amigos do Rui...

1. Realço que não vi no Rui azedume contra a Igreja. Pareceu-me sereno.
2. A maneira como se referiu ao Arcebispo de Braga. "Recebeu-me e acolheu-me como um pai". Parabéns, senhor Arcebispo.
3. Quem me parece que não ficou muito bem na cena foram alguns leigos. O Rui falou em "ameaças de morte pelo telefone", em "faca e alguidar à porta de casa". Vergonhoso! Com leigos assim não admira que faltem vocações sacerdotais. Certamente poderão ser estes que agora mais criticam a decisão do seu antigo pároco e que mais veementemente exijam ao Bispo um novo pároco... Só hipocrisia!!! E teve o cuidado de sublinhar que estes actos não teriam vindo das pessoas que estavam na Igreja, que participavam na assembleia celebrante.
4. A questão de fundo: o celibato que não é intrínseco à vocação sacerdotal. Basta dizer que Jesus escolheu para 1º Papa um homem casado, São Pedro. Mas enquanto a lei da Igreja se mantiver, quem abraça o sacerdócio sabe que abraça o celibato. Daí se exige uma atenção redobrada da Igreja à formação e amadurecimento humano e vocacional dos formandos. Ah! E um acompanhamento sério e competente dos sacerdotes, não só nos primeiros anos de vida sacerdotal, mas sempre!!!
5. A propósito deste caso, há uma tecla em que se tem carregado com insistência e que se pode resumir assim: " Este ao menos foi homem. Encarou a situação e tomou uma resolução. Não fez como outros que levam uma vida dupla, porque não têm coragem de avançar..."
Não confundamos a nuvem com a tempestade. Haja bom senso. Argumentos deste género são convenientes para justificar aquilo que convém a quem o faz. Alto lá! A esmagadora maioria dos sacerdotes é fiel. Com desânimos, sofrimentos, incompreensões, fracassos? Pode. Mas não são humanos? O facto de ter caído algumas vezes a caminho do Calvário, impediu Cristo de se reerguer e continuar a caminhar? Não. Não desistiu. Por isso, pela cruz, chegou à glória da Ressurreição. "Quem não tem pecados que atire a primeira pedra."
6. Para quando uma reportagem séria e profunda sobre o trabalho humano e cristão que tantos sacerdotes e leigos realizam? Vidas que se gastam e se entregam ao serviço humilde, generoso e alegre a Deus e aos outros.
À nossa comunicação social - toda ela - parece que só interessa na Igreja o que choca, o que escandaliza, o que dá nas vistas. Mas nós temos o direito à verdade toda.

Visto em Asas da Montanha